30.01.2019

Como atender às demandas psicológicas de crianças e adultos?


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Ação passa pela capacitação de profissionais da saúde e da educação
Ação passa pela capacitação de profissionais da saúde e da educação
A rotina atribulada e cheia de cobranças da vida moderna das famílias brasileiras, entre outros motivos, como o divórcio, por exemplo, trouxeram consequências no desenvolvimento das crianças e seus aspectos psicológicos e sociais. Esses e outros fatores acabaram resultando em consultórios com alta demanda e muitas queixas, como tristeza, impulsividade, falhas na expressividade emocional, baixa tolerância à frustração, transtornos alimentares, entre outros. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil a estimativa é de que 8 milhões de crianças e adolescentes estejam deprimidos ou ansiosos. O percentual é o dobro do registrado em 2007.

Para os especialistas, o número tende a aumentar. A partir desse entendimento, surge a necessidade de capacitar os profissionais para lidar com as novas e atuais demandas das crianças e das famílias. Diante desse cenário, a FAE Business School lançou duas novas especializações:

“Nossa proposta é preparar o profissional para fazer intervenções, entender o que leva a criança a desenvolver doenças e atuar na prevenção para que ela se torne um adulto resiliente e mais forte”, conta Giovanna Medina, que coordenará os cursos. Para ela, o sistema familiar se tornou disfuncional e as crianças assumiram o papel de decisores e membros mais importantes da família.

Em sua dissertação de mestrado em Educação na UFPR, a psicóloga e professora da FAE Business School, Luana Cavicion Gomes, concluiu que as crianças veem em seus pais seus modelos de comportamento. “A criança busca nos pais um ideal, um modelo a ser seguido. Constatamos que o trabalho com as famílias é essencial e precisa estar relacionado com o cuidado e atenção às crianças”, conta Luana.

Capacitação profissional

Para a psicóloga e Mestranda em Psicologia Social e Saúde, Daniela Bertoncelo, hoje os pais têm mais dificuldades do que facilidades no desafio de educar e formar filhos. “Eles perceberam que não podem simplesmente delegar a terceiros, como escola e equipes de suporte (babás, avós e outras famílias), a tarefa principal que lhes cabe na formação de seus filhos”, conta Daniela, que aponta a família como a principal influência na formação do ser humano e nas construções, ou destruições, de suas identidades.

Nesse contexto, Daniela destaca as novas especializações como oportunidades de preparar a comunidade científica para administrar as antigas e atuais demandas sociais. “Somente com essa busca de conhecimento, a troca de experiências e a ressignificação de conceitos estabelecidos anteriormente, torna-se possível gerar aprendizado para todos, principalmente profissionais e comunidade, em busca de novos tempos em termos de saúde integral”, completa Daniela. Atualmente, os motivos principais da procura por ajuda nos consultórios psicológicos são:

1. Conflitos vindos pela separação dos cônjuges: abrangem um largo espectro emocional, podendo apresentar desde uma dificuldade de aceitação e adaptação por parte da criança, até o desenvolvimento de doenças ou manifestação de comportamentos inadequados, incluindo as consequências das “feridas emocionais”, causadas pela alienação parental.

2. A violência doméstica e todas as formas de abuso sofridas pelas crianças na família: sempre estiveram presentes e hoje se apresentam às claras nos consultórios, delegacias e tribunais e obrigam instâncias de poder e de saber a buscarem formas de atenção, prevenção e tratamento aos males causados.

3. As novas configurações familiares: outra demanda da sociedade contemporânea que pode levar a turbulências emocionais afetando a criança em diversos contextos – família, escola, amigos, vizinhos e sociedade.

Construindo relacionamentos melhores
Diante de tantas mudanças e desafios, é importante que os membros da família tenham consciência e exerçam seus papéis e funções, respeitando as fronteiras que demarcam os limites entre os subsistemas parental, conjugal e fraternal. “Podemos caracterizar esse modelo como funcional”, aponta a psicóloga e doutora em educação, Heloísa Daldin Pereira. Para ela, o bom relacionamento dos pais entre si, independentemente de morarem juntos ou não, se os filhos são biológicos ou adotivos, ou fazem parte da nova agregação familiar, é o elemento central. “É importante tomar cuidado com discussões e desacordos, solucionar os desentendimentos de maneira saudável, com respeito mútuo, tolerância e cordialidade”, finaliza Heloísa.

Esse conteúdo foi publicado no Carreira e Futuro, do G1 Paraná.





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